Pogorzelski & Associados - Advocacia Empresarial

Como processo natural, os sonhos encontram abrigo na fertilidade do imaginário humano. Independentemente da sua complexidade, a trajetória de nossas vidas é permeada por sonhos, em sua grande maioria voltados para as realizações pessoais. Diferentemente disso é exceção.

Contudo, alimentá-los com as doses certas de motivação, capacitação, seriedade e dedicação, elementos capazes de caminhar em direção à sua concretude, também sabemos, mostra-se viável apenas para algumas pessoas, razão pela qual muitas outras dos seus sonhos renunciam. Há ainda aquelas que, por entendê-los inalcançáveis, incorporam essa experiência existencial de forma demasiadamente negativa, a ponto de transformá-la em recalques alojados nos recônditos de sua psique, o que justificaria a procura de buscar nos outros a razão de suas frustrações.

Interessante a abordagem de um escritor porto-riquenho sobre essa flutuação ao redigir uma crônica a que intitulou “os homens sim e os homens não”. Aos segundos atribuiu a característica de se atemorizarem diante dos abismos que os desafios desnudam.  Aos primeiros, “homens sim”, elegeu postura enérgica, capacidade de afastar as fronteiras e barreiras causticantes tidas como limítrofes para os “homens não”. Daí o jargão que diz haver os que sonham em fazer e os que fazem.

O Parque Snowland, não diferentemente de tantos empreendimentos humanos, iniciou como um sonho. Nas mãos de sonhadores, galgou à condição de projeto, de objetivo, e, após, se tornou realidade. O custo da diversidade de formas para a articulação do possível, somente esses homens conhecem. Albert Castel, literato argentino, registrou que o êxito não é mais do que o último fracasso vencido por nosso trabalho e nossa constância.

Sem o manto da pretensão de subir aos altos píncaros ou de verem cingidos os seus louros, os que sonharam o Parque Snowland transpuseram tarefas complexas e multifacetadas para contemplar o objetivo. Empreenderam por acreditar em uma cidade, na penetrabilidade da magia que ela propaga e se fez conhecida, bem como na possibilidade de incrementar os sonhos de outros sonhadores. Prospectaram, sobretudo, os benefícios que desse empreendimento resultarão, dentre tais a empregabilidade e o fomento às economias local e regional.

O enfoque capitalista, massificador do comportamento humano contemporâneo e que inevitavelmente contribui para o aborto do pensamento crítico das universalidades contextuais, torna-se insuscetível de convalidação ante a grandiosidade do ideário, dos propósitos e dos esforços das pessoas que honraram esse empreendimento.

Compondo o escasso número de parques existentes no mundo para essa categoria de entretenimento, e ainda na condição de exclusivo no continente americano, certamente se constituirá como um novo marco para Gramado e o seu turismo. Na rota de alguns outros empreendimentos locais, cuja íntima identificação com a cidade se impõe a toda evidência, resultará também em um importante e diversificado legado.

Vindo também e inevitavelmente para se juntar às tradicionais figuras do Papai Noel e do Natal, a neve é chegada em Gramado sob a forma de diversão, compondo a mais perfeita tríade temática do imaginário humano. Ela, porém, embora nascida de sonhos, é real.

De fato, um presente para a cidade. A vocês, “homens sim”, nossos parabéns.

Júlio Pogorzelski

Mestre em Direito, professor e educador.

Matéria publicada no Jornal de Gramado, edição de 25/10/2013

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